Se alguém ainda não se deu conta, é importante ressaltar:
Autismo é uma questão planetária que não abrange somente o contexto das
famílias das pessoas dentro do espectro. Essa questão envolve todas as pessoas
de forma bem mais extensa do que se imagina.
Não há dados exatos da estatística mundial do autismo, mas
podemos ter como base a estatística americana. Nos Estados Unidos, 1 em cada 91
indivíduos estão diagnosticados dentro do transtorno do espectro autista, dados
da American Pediatrics Academy.
Acontece que em 2007, segundo o Dr. Joseph Mercola, uma pesquisa feita pelo National Survey of Children’s Health (NSCH)
mostrou que, polemicamente, a taxa de autismo encontrada foi de 1 em cada 63
crianças.
No Reino Unido, uma pesquisa semelhante mostrou a
estatística de 1 em 83. Para os que não
acompanharam a história de toda a problemática, vejam só os dados das taxas oficiais
de prevalência do autismo nos EUA nos anos anteriores:
à1970:
1 em cada 10.000 indivíduos.
à1995:
1 em cada 1.000 indivíduos.
à1999:
1 em cada 500 indivíduos.
à2001:
1 em cada 250 indivíduos.
à2005:
1 em cada 166 indivíduos.
à2007:
1 em cada 150 indivíduos.
à2009:
1 em cada 91 indivíduos.
à2011:
Eu ainda não tenho notícias...mas a coisa já deve estar apocalíptica.
Então nos EUA existem hoje muito mais crianças com autismo
do que a somatória de todas as crianças com câncer, Síndrome de Down, Diabetes
e AIDS.
Nem mesmo nesses países mais desenvolvidos há uma
estatística realmente apurada. No Brasil? Nem queiram saber. Não há
estatísticas. Sugere-se muito vagamente que o número módico de pessoas hoje no
país dentro do espectro do autismo gira em torno de 2 milhões.
Para falar a verdade, o número correto, essa coisa estatística
concreta, gélida (porém necessária para fins burocráticos), para mim não tem
esse valor todo. O que realmente me surpreende é a realidade palpável. É ver ao
meu redor, ao vivo e a cores, mais e mais crianças sendo diagnosticadas, e perceber
tão claramente o aumento súbito dos casos, fato que não precisa nem conferir
nas estatísticas.
Autismo, no grosso modo da questão, é EPIDEMIA. Traduzindo:
Futuramente todas as pessoas terão uma proximidade muito grande com a situação.
Serão filhos, irmãos, sobrinhos, netos, parentes próximos, amigos e conhecidos
diagnosticados. Ficou claro aqui que o problema é de todos nós?
A coisa está tão séria que as lideranças já andam tirando o
corpinho fora. Devido a previsão de gastos astronômicos com o autismo no
futuro, os critérios de diagnóstico começaram a ser modificados, claro que é
para deixar de fora do orçamento do governo aqueles que se encontram no grau
mais leve do espectro. Injustiça total.
Enquanto que no primeiro mundo o governo, apesar de tudo,
ainda dá uma ajudinha de recursos para as terapias, educação e tratamentos em
geral para as famílias que precisam, aqui no Brasil a situação gira em torno da
precariedade e do anonimato. Está tudo muito atrasado. Não há recursos para
nada e na verdade são os pais e familiares que se unem e se ajudam trocando
informações e orientam-se como proceder. O nível de entendimento dos
profissionais que lidam com o autismo (médicos, psicólogos, pedagogos,
terapeutas, etc.) tem melhorado um pouco, mas esse pequeno grupo de
profissionais competentes obviamente é insuficiente para atender a demanda. E
essa é a realidade da classe média para cima. Se para esse grupo social a coisa
anda difícil, imagina para a população menos privilegiada. Inúmeras famílias brasileiras
possuem filhos com autismo e sequer sabem o que acontece com eles. A situação é tão séria que levaria dias para
escrever sobre ela.
Mas eis que a esperança é a última que morre mesmo. A luz do
fim do túnel começa a emitir raios maiores. Graças a um grupo especial de
pessoas guerreiras surgiu um movimento importante para que a realidade do
autismo no Brasil seja mudada. São pessoas, em sua maioria pais de crianças e
adultos com autismo, que resolveram representar a causa e se uniram para
reivindicar do governo brasileiro os direitos cabíveis em todos os aspectos
para os indivíduos dentro do espectro do autismo.
E assim surgiu o Projeto de Lei 1631/2011 que institui a
política nacional de proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro
autista. Para saber mais vide: http://www.camara.gov.br/sileg/Prop_Detalhe.asp?id=509774&st=1
A grande líder desse movimento é Berenice que mora no estado
do Rio de Janeiro. Mulher arretada. Um dia Berê amanheceu inspirada e decidiu
lutar em prol do autismo dentro da política. Totalmente apoiada por outras
guerreiras, lá foi ela fazer a voz do projeto de lei Senado Federal a fora.
Também é ela que encabeça o movimento local do Rio de Janeiro para aprovação do
Projeto de Lei 689/11 que não sei porque cargas d’água o governador vetou. Mas
essa história vai ter uma grande reviravolta. Os guerreiros azuis estão prontos para derrubar o veto.
Mãe do Dayan, Berenice Piana de Piana, amiga Berê, muito
obrigada!
O veto ao projeto de lei 689/11 foi derrubado!!
ResponderExcluirDe: Berenice Piana <berenicepiana@
ResponderExcluirData: 28 de fevereiro de 2012 22:38
Assunto: comentario
Para: Aurea Barreto <aureadaia@
Aurea querida flor, eu sou dura na queda mas agora eu não resisti... chorei muito com essa linda homenagem, com esse carinho todo...
Vindo de uma pessoa tão especial como você, mãe de Lorenzo, esse anjo lindo mais especial ainda, tem um valor muito maior!!!
Muuuito emocionante ver detalhes e fotos da luta que eu nem lembrava depois de tantas e tantas andanças e audiências, passeatas etc!!
Querida, de todas as homenagens essa foi a mais singela, mais terna e emocionante!!! Jamais esquecerei!!
Deus a conserve com toda essa luz e sauvidade!!!