Muitos pais de crianças com autismo são espectadores
antenados das novidades que podem beneficiar seus filhos. São o time mais
aventureiro da face da terra em busca de recursos que possam ajudar na causa.
“Ouvi dizer que um menino melhorou o autismo tomando chá do
coquinho do jacarandá que cresce em Caapiranga”. A notícia se espalha e lá vão
eles atrás dos contatos na cidade amazonense para conseguir os coquinhos. “A
filha da minha amiga começou a falar depois que usou Omega 3 oriundo de um
peixe raro das profundezas do mar vermelho”. Correm atrás do Omega! A última
que ouvi foi que o leite de camela é o que há de mais moderno e inovador para o
autismo. E isso é sério! Mas tem que ser leite das camelas de Dubai!
Toda essa história real com um toque de ficção é para poder
dizer que os animais de estimação também entram nesse grupo de recursos
promissores.
Há inúmeros relatos, filmes e histórias encantadoras de como
os bichinhos ajudaram tantas crianças a se desenvolverem em muitos aspectos.
Adivinha o que acontece? Cultiva-se a idéia: preciso ter um cão, ou um gato, ou
um pássaro, uma cobrinha branca, iguanas, tartaruguinhas... eles podem ajudar
meu filho a interagir, a falar, a aprender e a melhorar tantas coisas.
De fato esses animais, principalmente os cães e os cavalos,
tem sido usados cada vez mais em terapias para o autismo. Cavalos são mais
complicados para se ter como um bichinho de estimação, pois requer espaço e o
manejo é só para quem entende sobre equinos. É mais fácil recorrer aos serviços
da equoterapia e ao seu amigo ou parente querido que tenha fazenda, haras ou
sítio para você ir passear lá com seu pimpolho. Os cavalos são terapeutas
incríveis!
Os cães, por sua característica amistosa e por naturalmente
se colocarem à disposição do homem, podem criar laços muito afetivos com as
crianças no espectro. E a recíproca é bastante verdadeira.
Existem muitos relatos sobre as conexões especiais entre as
pessoas com autismo e os animais, há uma espécie de sintonia, como se um pudesse
fazer a leitura do outro criando uma interação fantástica. No entanto, adquirir
um bichinho para atender esse propósito é um ato de muita responsabilidade e
requer uma análise minuciosa se realmente é proveitoso e viável ter um cão ou
gato.
É importantíssimo saber se a criança realmente gosta de
animais, se esse contato faz diferença para ela. Tem como testar isso antes de
colocar um em casa. Por exemplo, se você levar seu filho para um local que
tenha cães e ele se mostrar sempre interessado por eles, significa que existe
uma boa chance de dar certo adotar ou comprar um cachorrinho. Mas caso ela não
mostre muito interesse em interagir com o animal, na maioria das vezes não vale
a pena insistir e adquirir um para ver se vai funcionar com o tempo. Por favor,
não façam isso só porque deu certo no filme emocionante que vocês assistiram na
TV a cabo.
Um cachorro é um ser vivo que precisa de cuidados
apropriados e se afeiçoa rapidamente as pessoas da casa. A questão do autismo
já é algo que requer uma dedicação intensa, por isso é para parar e pensar: “Será
que eu vou ter tempo e recursos extras para cuidar desse serzinho?” “Eu tenho
experiência com bichos em casa?” “Eu gosto de bichos realmente ou eu não gosto,
mas eles podem ajudar meu filho.” “Estou pronto para administrar um cãozinho ou
gatinho em seu primeiro ano de vida onde são muito sapecas e brincam de morder,
pular, arranhar e fazem muitas travessuras?” Eu digo isso porque eu vi
acontecer histórias bem difíceis, de animais serem devolvidos, doados ou, pior
ainda, largados em casa de qualquer jeito, doentes, cheios de parasitas
(transmissíveis inclusive), sem um trato, um carinho, só na base do sai prá lá.
Percebem o tamanho da responsabilidade?
Se por outro lado você ama animais e tem condições para
vivenciar essa oportunidade maravilhosa de conviver com um deles, ótimo! Por
que não ter um? Se ele não der certo dentro do objetivo que você traçou para as
melhorias do seu filho, você terá uma maravilhosa companhia para a família.
Opa, espera aí. Vale a pena lembrar que esse animal deve ser equilibrado
emocionalmente e apto para lidar com gritos, barulhos e outros incômodos sem
reagir agressivamente nesses momentos.
Mas quando a criança gosta e a coisa dá certo: Uau! A
conversa vai para outro rumo. Vou falar só dos cães. Sabem como o convívio com
eles têm ajudado os casos de autismo? Vejam:
- Ajudam a diminuir a agitação e a ansiedade (influenciam nos
níveis dos hormônios de stress).
- Promovem um aumento das habilidades sociais das crianças.
- Tornam as crianças mais criativas e imaginativas.
- Elas passam a expressar melhor seus sentimentos.
- Aprendem a cuidar, ficam muito amorosas. Os sorrisos
triplicam.
- Podem participar da rotina de cuidados com o bichinho,
escovando o pelo, ajudando a dar banho e passeando com a guia, o que ajuda a
melhorar a coordenação motora em geral.
Tudo o que precisamos que aconteça, não é mesmo?
O Lorenzo não é de ligar muito para bichos porque sua
preferência é indiscutivelmente a música. Mas temos um cachorro muito legal e
que adora amizade. É o Juca. Ele não veio parar na nossa família por causa do
filme. Foi porque um dia o meu amigo João me ligou dizendo: “Vou te dar um
filhote do Joca”. E assim veio o Juca, filho do Joca! Nosso amigo. O Lorenzo gosta
dele, mas passou a gostar ainda mais depois que eu inventei uma voz para o Juca.
Uma voz que canta todas as músicas que meu maestrinho pede. Ele gosta do Juca
musical!
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