sexta-feira, 23 de março de 2012

Parte III: Entoando a manifestação da esplêndida expressão da vida


CINCO ANOS DE IDADE

Esse aniversário foi todo diferente, foi feito na sessão de musicoterapia com Clarisse e André. E os convidados do Lorenzo eram seus amiguinhos da tribo do autismo. Nada convencional, os meninos, é claro, quebraram todas as regras de um aniversário comum, um surrealismo divertidíssimo.


Paralelo aos acontecimentos do Programa Son-Rise, no Rio de Janeiro, eram dados passos importantes na divulgação do tratamento biológico para o autismo. Já existia um grupo composto por pais e familiares que também buscavam inovações para cuidar de suas crianças. Havia uma mãe brasileira que vivia nos EUA e que auxiliava esse grupo enviando as mais recentes informações e contatos. Eram pessoas batalhadoras e esforçadas que não queriam dormir no ponto de jeito nenhum e em breve eu conheceria esse poder pessoalmente. Existia em Niterói a ADEFA (Associação em Defesa do Autismo) que já tentava dar um suporte mais inovador do tratamento do autismo para quem procurava ajuda.

Surgiram os primeiros seminários que abordavam o tratamento biológico. Pela primeira vez os pais estariam mais interados a respeito das questões intestinais, as intoxicações por metais pesados, os quelantes, as dietas com restrições principalmente de glúten e caseína, as suplementações, as mega-doses de vitaminas, os minerais e tanta coisa nova...e tanta coisa cara!

Os grupos de discussões na internet uniam essas pessoas com a fonte do conhecimento aos outros pais e profissionais do país inteiro formando uma rede fantástica de troca de informações.

A quantidade de profissionais que entendem de autismo começa a crescer timidamente. Primeiro o Programa Son-Rise, ou simplesmente suas técnicas amorosas e responsivas passa a ganhar simpatia entre psicólogos, terapeutas, fonoaudiólogos e outros. Vertentes que atuam de forma semelhante, como Programa Floortime, começam a surgir no país. E o Protocolo DAN! e seus derivados abrem caminhos promissores e somam-se no conhecimento dos profissionais da área da saúde.

Antes de viajar para os EUA no ano anterior eu já havia lido sobre o Protocolo DAN! É a sigla de Defeat Autism Now!, ou Vença o Autismo Agora! É um protocolo biomédico originado pelo Dr. Bernard Rimland (mais um pai de pessoa com autismo), baseado em uma série de elementos que tratam do organismo metabolicamente atuando em diversas funções orgânicas do corpo. No caso dos indivíduos com autismo, esse protocolo tenta corrigir os danos, imunológicos neurológicos e nutricionais (metabólicos de maneira geral) causados por uma má digestão e má absorção intestinal dos alimentos. Essa história resulta nas inflamações intestinais e nas carências nutricionais de vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos e também na falta específica de nutrientes para o cérebro. Como se não bastasse o pobre cérebro sofre sérios abusos causados por metais pesados, toxinas e diversas porcarias que entram no corpo sensível das pessoas do espectro. Então é ainda adicionado ao protocolo os quelantes, as enzimas, os anti-oxidantes, os neurolipídios, etc. Nem sei se explico aqui a causa e efeito corretamente porque há de se ter um poder de síntese e de memória muito grande para conseguir falar sobre protocolo biomédico em um parágrafo.

Olha, o corpo dos meninos padece com essa desorganização metabólica intensa, fica tudo esquisito na vida deles. É muita sensibilidade, e em muitos casos pode-se justificar as alterações comportamentais que eles apresentam.

Mas como tudo no autismo, nem todas as pessoas identificam os sintomas de seus filhos pautados nas justificativas metabólicas. Conheço pessoas que fizeram um trabalho nessa parte com suas crianças de altíssima qualidade. Não tiveram resultados. E quando abandonaram o tratamento, os filhos continuaram os mesmos, sem alterações. Essas crianças tiveram mais respostas com outras abordagens terapêuticas, por exemplo, constelações familiares do que com protocolos biológicos. Vai entender não é?

Mas deixem-me contar uma coisa para vocês. Antes de o Lorenzo nascer eu já conhecia um movimento muito interessante chamado Nourishing Traditions. Tratava-se de um retorno as tradições alimentares de nossos avós, ou seja, época que os alimentos eram mais puros e saudáveis. Não havia contaminação e nem industrialização alimentícia excessiva, não existia agrotóxicos, a vaca não era bombardeada de antibióticos, o leite consumido era o leite cru, ninguém sabia que raios de história era essa de rinite alérgica, doença celíaca, diabetes, gordura trans, glutamato monossódico, miojo...Então a idéia é tentar retomar o máximo possível a alimentação da tradição de nossos antepassados. Existe uma fundação chamada Weston A. Price Foundation, sediada em Washington, DC, que divulga todo esse movimento e oferece um monte de dados e todo tipo de material para quem quiser se aprofundar no assunto. Eu achei interessantíssimo e me aprofundei, só não deixei de ser vegetariana.

E foi o seguinte, quando veio toda essa questão de protocolo biológico o primeiro contato que eu fiz foi com essa fundação. Na minha concepção essa alimentação mais pura era o que poderia ajudar o Lorenzo. E até que eu estava certa no que se referia ao meu filho.

As mães do Rio de Janeiro se organizaram e convidaram para um seminário em Niterói uma mãe que residia na Califórnia que era conhecida por haver revertido o autismo de dois filhos. Era Andrea Lalama, de origem equatoriana e titulada homeopata. Ela havia montado uma espécie de protocolo para se tratar o autismo baseado nas experiências e estudos pessoais dela com o Protocolo DAN!, e dentro desses estudos incluía os princípios da Weston A. Price Foundation. Foi o que me chamou a atenção e resolvi ir até Niterói para ouvir mais o que ela tinha para passar. Fomos eu e a Luzanira.

Que legal estar em Niterói conhecendo finalmente aquela turma de batalhadores, era a Eloah, a Berê, a Cláudia Marcelino, tinha ainda a Josélia, a Alessandra, as gêmeas Karla e Luiza Coelho que apareceram lá também, haja parágrafos para citar todas as aquelas pessoas maravilhosas. Pois bem, ouvimos a Andrea Lalama com suas idéias ousadas, inteligentes e atrativas. Na verdade ela pegava um pouco de cada teoria, falava muito de Medicina Natural, enfim era um discurso interessante e que valia a pena tentar.


Quando retornei a Brasília comecei o tratamento biológico inspirado no seminário da Andrea só que dentro dos meus moldes de adaptação. O suco verde do Lorenzo foi adaptado para sopa de feijão batida com folhas verdes. Minha argila era uma argila de rocha que consegui com um padre fitoterapeuta, o padre Durval. Meu quelante era o sal amargo e a tintura de coentro. Adotei a alimentação totalmente orgânica e isenta de glúten, caseína (só foi isenta de caseína porque eu não consegui um leite cru de confiança), milho, soja e evidentemente de açúcar branco, corantes e conservantes. Consegui um farmacêutico que conseguiu fazer para mim uma fórmula bem legal de probióticos, não ficava devendo nem um pouquinho para aquela ótima que só tinha na Alemanha.

Não foi tão difícil iniciar a alimentação diferente. O difícil era encontrar uma boa variedade de alimentos orgânicos. A gente também precisava fazer a parte externa do tratamento, que era usar produtos de higiene o mais natural possível sem aqueles ingredientes agressivos, sem os parabenos (optei pelos produtos da marca Weleda). Na casa, para limpeza, usávamos água com vinagre e bicarbonato de sódio. Isso teve a ver com eliminar fenóis.  Não usávamos mais perfumes (os fixadores são bastante tóxicos), eliminamos as fontes de alumínio (minhas panelas de inox custaram tão caras que a Caixa Econômica poderia aceitá-las no esquema de penhoras), as pulgas e carrapatos do Juca eram eliminados com repelentes naturais e sistema de coleta manual. E fiquei craque em eliminar (uiii) baratas com jatinhos de álcool.

Duas semanas depois que iniciamos esse processo, a empresa das fraldas PomPom (tamanho XXXXG, as únicas que ainda serviam no Lorenzo) deixou de ver a cor do meu dinheiro. Meu rapaz finalmente aprendeu a usar o vaso.  Aprendeu tudo e ainda amava cada descarga que ele dava depois.


Não mencionei mais sobre a fala dele, mas já há alguns meses ele estava com muita ecolalia. E então ele passou a usar um pouco menos da ecolalia e a falar mais palavras dentro do contexto correto. Passou a ser bem mais fácil de trabalhar com ele outras técnicas, como o próprio Programa Son-Rise.  Ele deixou de escalar as janelas e móveis, parou mais de babar, diminuiu as constantes corridas de um lado para outro, o rostinho parou de ficar muito vermelho, ele estava mudando bastante, para melhor, é claro!

Eu não quis entrar na onda dos tratamentos intravenosos, das megadoses de vitaminas, daquele monte de enzimas e anti-oxidantes (como a tão usada gluthationa) e de todas aquelas outras benevolências em cápsulas ou comprimidos. Primeiro porque fazer tudo seria demais para os meus bolsos. Segundo porque boa parte do que a gente precisava tinha que vir dos Estados Unidos, se pedíssemos pela internet a ANVISA barrava e a gente tinha que pagar uma fortuna de impostos caso eles liberassem o produto. Eu achei isso muito estressante, não só para mim que teria que me envolver em um desgaste psicológico e financeiro, mas principalmente para o Lorenzo que teria que engolir todas essas coisas. Para a gente já estava bom daquele jeito. Acrescentávamos nossas técnicas terapêuticas e pronto. Vez ou outra optávamos por uma fórmula da fitoterapia energética chinesa, a vida nos agraciou por ter um grande amigo entendido no assunto, que é o Paulo Américo.  E o Lorenzo continuava muito feliz e tranqüilo.

Mariana veio visitar a gente, não precisa nem dizer o quanto adoramos as visitas dela. A Mari não é especial na nossa vida só por causa do Son-Rise. Ela tem um jeito encantado de interpretar o Lorenzo e de interagir com ele, parece uma fada que tem acesso aos portais do mundo paralelo do meu filho, e isso vem da natureza dela. É sempre uma riqueza tê-la conosco.


E chegou a época do segundo workshop do Programa Son-Rise. Dessa vez só com o professor Sean e a Mariana. Foi mais divertido ainda que o primeiro. Quanta gente legal esteve aqui em Brasília conosco, não vou nem mencionar os nomes porque vai ser injusto com os nomes que certamente vou esquecer-me de mencionar. Mas considero esse workshop o marco inicial de todos os workshops da Inspirados Pelo Autismo que se seguiram pelo Brasil e nunca mais deixaram de acontecer.


Muita gratidão à querida Mariana!


SEIS ANOS DE IDADE

Esse não foi um aniversário com festa, mas foi um dia com momentos de brincadeiras com o amigo Sean. Festa melhor não poderia ter.


Lorenzo passou meio apurado no dia que caiu de uma moto infantil e quebrou o braço. Foi sua primeira ida ao hospital na vida. Ele ficou assustado com a dor, com toda a maquinaria hospitalar, mas foi muito cooperativo com tudo. No final ele estava todo admirado com aquele gesso em seu braço. Esse episódio deixou bem claro como ele estava muito mais equilibrado emocionalmente.


Era muito bom ver o Lorenzo falando mais, sua fala era bem mais compreensível para as outras pessoas. Ele aceitava bem e gostava de estar com outras crianças e se sentia a vontade quando estava nos ambientes externos que antes eram bem difíceis para ele administrar. Ele mostrava muito mais compreensão com o mundo a sua volta.


O programa dele já não era mais restrito a um quarto de brincar, ele já conseguia aprender as coisas e interagir com as pessoas em outros ambientes.

O sorriso do rapazinho ganhou janelas bem charmosas. Achei que quando chegasse a época da troca de dentes ele iria ter dificuldades, mas que nada, ele tirou de letra.


O menino Lorenzo estava em uma fase muito interessante. Foi inclusive nessa época que ele começou um processo maior de ligação com seu irmão Arthur. É claro que ele sempre se importou com o irmão, mas a interação entre os dois deu uma boa crescida. O aumento das conexões do Lorenzo facilitou para que o Arthur o compreendesse mais. Diferente de antes, Lorenzo agora puxava o irmão mais vezes para brincar com ele.


Eu e a Lu estávamos bem empolgadas com o tratamento biológico. Foi um período de muitas atividades. Junto com outras mães fizemos cursos de alimentação natural, fazíamos mutirão da busca de produtos orgânicos, éramos incansáveis.

Um dia deu na nossa telha de trazer a Andrea Lalama para Brasília para dar continuidade ao assunto que vimos em Niterói. Deu um trabalho imenso, mas trouxemos a moça. Foi legal, fizemos um workshop, e depois dos eventos, fizemos uma peregrinação pela cidade. Queríamos saber o que havia disponível nas farmácias naturais que poderia ser usado para ajudar as crianças, fomos parar até em uma tribo indígena para conversar com um pajé. Nossa intenção era conhecer os recursos fitoterápicos da tribo. No mínimo nos divertimos muito apesar de não termos encontrado tantas novidades assim.


Meu garoto entrou no auge da fase de querer abraçar e cheirar mulheres bonitas. Ele não podia ver uma moça bonita de cabelos longos que ele corria e ia abraçar. Algumas vezes ele fez isso com pessoas desconhecidas, mas quando explicávamos para elas o que acontecia elas adoravam.

Em todos os aspectos o pulsar que movimentava a valorização do autismo só crescia. Em São Paulo a Dra. Simone Pires se destacava ainda mais como médica DAN! (a primeira do Brasil) auxiliando muitas crianças brasileiras. No Rio o Dr. Eduardo Almeida se engajou mais ainda na causa para tentar ajudar as crianças dentro de seus atendimentos como médico ortomolecular. Berenice Piana já liderava um grande movimento político em busca da aprovação do projeto de lei que beneficiava os indivíduos com autismo. E simultâneamente foram surgindo novos seminários, novas adaptações do que já existia, realmente era o início de uma realidade diferente.

A turma das incansáveis resolveu se unir mais uma vez para fazer uma conferência internacional sobre autismo. Vieram a Brasília a Andrea Lalama, o Dr. Eduardo Almeida, o Dr. Lee Cowden, o Dr. Boyd Haley e o Dr. Michael Williamsom. Mais uma vez tivemos oportunidade de ouvir experiências diferentes e enriquecedoras dentro do assunto.

E eu acabei indo para Floripa ajudar a Mariana em mais um adorável workshop da Inspirados.


SETE ANOS DE IDADE

Nada de festas, mas sim uma grande comemoração por ele ter retornado ao ambiente escolar. Lorenzo voltou para a escola no dia de seu aniversário. E por lá se adaptou bem.

O garotinho estava ótimo. Ele era capaz de expressar suas vontades verbalmente, com a fala ainda limitada, podia dizer tudo o que queria. Passou a demonstrar que compreendia tudo o que era dito a ele e assim executava várias tarefas diferentes sempre que pedíamos. Ele não estava livre do autismo, aliás, estava ainda longe da imagem perfeita da criança típica. Mas ele estava perfeito para nós em sua nova fase interativa.


Ele resolveu virar bilíngüe. Quer saber como fala tudo em inglês, adora traduzir as coisas do português para o inglês e pede nossa ajuda. O duro é quando ele quer traduzir músicas do Caetano Veloso.

Ganhou uma bicicleta cross toda cheia de estilo, na qual adaptamos rodinhas. Ele já tinha uma noção ótima de direção (antes ele quando conseguia pedalar um triciclo batia na parede), mas seus movimentos eram lentos, o que não lhe permitia ainda pedalar com velocidade suficiente para se equilibrar em uma bicicleta sem rodinhas.


Foi uma grande surpresa vê-lo se adaptar a escola. Ele adquiriu um grande equilíbrio para lidar com os barulhos, não sofria mais com eles. Aceitava o contato dos coleguinhas e aceitava ficar sentadinho em sua sala de aula executando suas tarefinhas. Mas o Lorenzo tem alma revolucionária e ser padronizado não é com ele. Nem todos os dias ele tinha essa vontade de realizar as atividades em sala de aula, mas nosso objetivo a princípio não era torná-lo academicamente apto. Queríamos dar a ele a oportunidade de conviver com crianças de sua idade dentro de um contexto social escolar.


Escolhemos a Escola Franciscana Fátima porque, pode-se dizer que era a única na cidade que tinha um sistema de inclusão levado mais a sério. Lorenzo foi acolhido com muito carinho por todos, inclusive pelas crianças que o adoravam.

Ele sabia ler, mas escrever com a mãozinha ele não conseguia. Só conseguia digitar em teclados, mas não chegamos a usar esse tipo de recurso na escola.

Foi nessa fase que iniciamos o tratamento mais constitucional com a homeopatia com a orientação do Dr. Javier Salvador Gamarra. Fomos até Curitiba para que ele fizesse a avaliação do Lorenzo. Ele foi muito otimista com relação ao nosso filho, e suas orientações homeopáticas deram muito certo para ele.

Na escola ele não tinha muito contato com a música. Só nas aulas de capoeira que ele exibia seus dotes musicais. Sempre tocava o pandeiro e o berimbau para conduzir a aula junto com o professor Alex. Ele havia parado uns tempos de ir à musicoterapia por causa da demanda da escola. Mas tínhamos que dar um jeito, Lorenzo já mostrava sinais de tédio e cansaço por estar mais afastado da música. Colocamos o menino de volta na musicoterapia, de onde ele nunca deveria ter saído. O ânimo voltou.


OITO ANOS DE IDADE

Teve festa na escola! Lorenzo comemorou seu aniversário junto com seus coleguinhas de classe. Foi tão divertido que a escola cedeu mais tempo para as crianças brincarem.

Essa é a nossa fase atual.


As mães incansáveis deram uma cansadinha, quietaram o facho e pararam de correr atrás de organizar eventos. Também tudo já caminha sozinho, as sementes que foram plantadas já dão seus frutos fartos.

O Lorenzo continua se saindo bem em tudo, do jeitinho dele. Ele já consegue escrever com a mãozinha, uma letra grande e meio desajeitada, mas é letra de gente inteligente.

Sua fala melhorou muito. Ele acabou de me passar um recado: “Acabou o leite, tem que comprar!” Mas ainda se perde no meio de suas repetições e de suas misteriosas iniciativas de fazer coisas muitas e muitas vezes, tudo igual.

Mas já aprendemos a entender as fases necessárias do Lorenzo. Por algum motivo ele precisa passar por elas, ele precisa ver o ventilador girar, ele precisa ver a água do vaso indo embora após dar descarga, ele precisa ouvir um trecho da música vinte vezes, ele precisa cantar a música do Michael Jackson mais quinze vezes. Tem hora que a gente fala: “Ô Lorenzo, chega né!” E ele para, mas quer atenção, quer a gente ali com ele brincando. Ou seja, ele só entra no mundo das repetições quando não estamos com ele fazendo alguma coisa.

Ele agora está no terceiro ano do ensino fundamental. Cheio de habilidades e de dificuldades ao mesmo tempo. E está muito feliz porque agora tem um professor de música na escola que enche ele de atenção.

Seu grande desafio tem sido os movimentos físicos com mais agilidade. Ainda precisa de rodinhas na bicicleta. Ainda não consegue arremessar uma bola com força e nem segura a bola quando é arremessada para ele com mais força. Mas já está na pauta um esquema de atividades físicas que ele vai adorar. Ele vai ficar craque logo.

Meu filho é um menino bom, tranqüilo, amoroso, alegre, espiritualizado e muito companheiro da gente.

Eu teria muita coisa para contar do Lorenzo aqui. Mas eu preciso contar somente o fato principal: nós amamos o Lorenzo exatamente como ele é. A cada dia nós tentamos ajudá-lo da maneira que conseguimos, queremos ajudá-lo a estar preparado para um mundo que não é preparado para ele. Mas não precisamos ver nosso filho naquela vitrine das “crianças recuperadas do autismo”. Não exigimos isso dele, porque independente de qualquer tipo de recuperação ele é uma pessoa plena, perfeita e harmoniosa aos nossos olhos. Como poderíamos ousar a querer curar nosso filho de sua própria personalidade? Nós queremos sim que ele manifeste a essência de sua vida e que siga o caminho destinado a ele pelo Poder Divino. Queremos que ele compreenda tudo aquilo que gostaríamos de ensiná-lo.

E a cada dia ele mostra que é capaz, nos surpreende tantas vezes com novas conquistas. Nós realmente acreditamos nele. Acreditamos que ele vai superar tudo que o impede de realizar uma conexão mais consistente com o mundo a sua volta. Confiamos na luz de seu interior. Somos tão gratos e felizes por ter essa criança iluminada em nossas vidas. Ele nos faz pessoas melhores a cada dia.


O Lorenzo brilha! Ele é feliz.






sábado, 17 de março de 2012

Parte II: Vivenciando o universo paralelo de Lorenzo em si bemol maior



TRÊS ANOS DE IDADE

Dessa vez fizemos uma festinha na escola com os professores do Lorenzo: o Cláudio e a Marina, junto com toda a meninada. A Marina era uma pessoa doce, bonita, muito adorável e dedicada com o Lorenzo. O Cláudio era professor de música e foi ele quem instituiu o pandeiro na vida do Lorenzo. E nesse dia especial ele ganhou um pandeiro da Marina. Já sabíamos que ele não gostava de cantar parabéns, então o Cláudio só tocou no violão a musiquinha. Foi um dia ótimo. Nessa época Lorenzo lidava bem com o ambiente escolar.

Sabe, quem dera nossos outros problemas não existissem para que pudéssemos nos dedicar com mais intensidade no trabalho com nossos filhos especiais. Eu estava reduzindo minhas horas de trabalho e entrando com fé no vermelho financeiro. Não podia ser diferente, eu precisava estar mais próxima do meu filho.

A administração do resto da rotina era bem desafiadora e eu me sentia realmente sob uma enorme pressão. Por isso, no Programa Son-Rise é dito que as mães são Força da Natureza.  Para mim, ser somente a força da natureza era pouco, eu precisava ser a força gravitacional da somatória de todos os buracos negros do universo. Mas estava tudo bem, eu estava com toda a energia alegre de continuar buscando recursos para o Lorenzo.



Continuei meu contato com o Autism Treatment Center of America. Fiz uma consulta inicial gratuita por telefone. Jan-Marie, a consultora familiar, usando seu discurso positivista e metódico (coisas que os americanos sabem fazer muito bem) começou a colocar mais pilha ainda na minha vontade de fazer o curso do Son-Rise. Ela me ensinou a fazer um tal de fundraising, que é uma angariação de fundos para conseguir pagar as despesas do programa do Lorenzo.

Fiz a coisa toda, panfletos, divulgação, sessão de cinema com o filme Meu Filho Meu Mundo.  Nessa angariação de fundos, só os amigos próximos e algumas pessoas da minha família nos ajudaram. As instituições, os clubinhos, as maçonarias, a politicagem, a turma empresarial...ih gente, a coisa não deu ibope com eles não! 

Mas no fim, somamos o que tínhamos com o que arrecadamos e Jan-Marie ainda conseguiu um super desconto para mim.  Tudo certo! Em fevereiro de 2007 eu iria finalmente fazer o meu curso do Programa Son-Rise. Iria sozinha. Mariana me ajudou com toda a logística de como chegar ao instituto. Não a encontraria por lá porque seria bem na época do recesso dela e ela viria ao Brasil visitar a família. Que beleza, em menos de três meses eu estaria embarcando rumo a Massachusetts.

Certa noite meu telefone toca:

 “Oiii!..Estou maravilhada com o Programa Son-Rise!! Soube através da Luzanira que você está indo para o curso, estou doida para ir junto! Não falo inglês, você me ajuda na tradução? Será que ainda dá tempo de tirar o meu  passaporte? Eu preciso ir também! Eu queeeeroooo! Já está dando certo aqui para meu filho! Ah, eu vou!! Você me leva junto então?? Será? Será que dá tempo? Ai que programa lindo! É esse que eu vou fazer! Blá-blá-blá-blá....”

Era uma mãe falante e animada. Figura! Não quis cortar o barato dela assim de cara, mas é que em menos de um mês ninguém consegue tirar o passaporte e muito menos consegue o visto na embaixada americana. Que pena, não teria uma companheira de viagem. Não seria naquele mês que eu iria conhecer a Elaine Marabita. Mas ela já me animara muito com a notícia de que o Lucas, assim como o Lorenzo, já estava dando certo com algumas técnicas do programa.

Barry “Bears” Neil Kaufman e Samahria Lyte Kaufman são os fundadores  do Programa Son-Rise. Raun Kaufman, o filho deles que superou o autismo e que já fez girar muitos pratos na vida é o CEO do instituto.

Um dia, ouvindo uma gravação do Bears Kaufman me identifiquei muito quando ele dizia que Raun  quando pequeno e ainda vivendo totalmente absorvido em seu mundo, balançava seu corpo para frente e para trás, por horas. Ele comparou Raun aos monges do oriente que quando meditavam faziam o mesmo movimento do corpo em busca do estado de vazio da mente. A mãe zen aqui teve uma identificação total com essa colocação, aliás, ele parecia eu falando do Lorenzo. 

A filosofia do Programa Son-Rise era bem de vanguarda para o autismo, muito resumidamente é algo assim:

- Ao invés de forçar a criança a interagir em nosso mundo, nós vamos até o mundo dela.
- As atitudes de amor, aceitação, respeito e não-julgamento são os pilares do programa.
- A criança nos ensina, juntamo-nos a ela em suas estereotipias (ismos). Respeitamos seus isolamentos e também nos juntamos a ela nesses momentos.
- As técnicas do programa são feitas em um playroom, um quarto de brincar livre de estímulos sensoriais. O trabalho é feito um a um, sempre modulado pelos 3E’s: energia, entusiasmo e empolgação. Elogia-se sem economias cada tentativa de interação por parte da criança.

Isso é pura física quântica e metafísica! Por isso funciona, trabalha-se direto no campo das possibilidades criando uma nova realidade e desmancham-se as limitações, nesse caso, do autismo. Muda-se o paradigma atual. Vibrar em um campo energético positivo é algo muito poderoso. Quando dizemos para um filho que ele é inteligente e capaz, quando o elogiamos, modificamos as reações bioquímicas em seu cérebro e o ajudamos a superar as crenças limitantes e cria-se toda uma nova realidade positiva de vida que irá expressar-se em cada célula de seu corpo e toda essa nova informação será impressa em seu DNA.

Mas finalmente chegou o dia da minha viagem.

Ficaria dez dias no instituto. Voei até Nova York. Estava um frio danado, ali fazia uns quatro graus abaixo de zero. Para chegar ao meu destino eu precisava ir de taxi, mas já havia combinado com a companhia antes e o taxista já me esperava.

Quando saímos daquele pedaço agitado da cidade de Nova York, o visual paisagístico começou a ficar muito bonito. Aquela região da Nova Inglaterra branquinha de neve dava uma sensação de déjà vu danada.

Era curioso que a região ocupada pelo Option Institute (esse é o nome oficial do instituto que engloba o Autism Treatment Center of America) ficava sobre a fronteira dos estados de Connecticut  e Massachusetts, mas oficialmente era em Sheffield, MA. Chegamos. O lugar era muito bonito, a plaquinha da entrada dizia: A place for miracles. Tinha toda pinta de ser um lugar para milagres mesmo.

Meu pé afundou na neve quando pisei no chão. Treze graus abaixo de zero. Eu que estava no auge do sobrepeso parecia uma embalagem redonda, de tanta roupa. Era a primeira participante a chegar. E parecia que só tinha eu ali. Mas a terra do Tio Sam é organizada, e eu já sabia para onde deveria ir. Achei meu quarto que dividiria com Kylie, uma mãe da Austrália. Vi um telefone e liguei: “Alouu Jan-Marie! Cheguei, me oriente, estou sozinha!” Cinco minutos depois lá estava ela de corpo presente, hospitaleira, me orientando. 

Vi então os outros funcionários e voluntários que estavam lá, claro que tinha gente no instituto, era só ter andado um pouquinho mais. E Kylie chegou. Passamos a noite sozinhas na casa chamada Ravine House. Por fim, o outro dia chegou. Entender inglês australiano às 7 da manhã e com sono é para os fortes. Mas minha companheira de quarto era uma excelente e divertida companhia.

Todos que faltavam chegaram naquele dia. E o curso começou. Era fascinante estar junto de famílias do mundo inteiro com histórias iguais a minha. Quanto positivismo! Aprendemos o suficiente para dirigir o nosso programa. Ouvimos lindas histórias, conversamos sobre nossos filhos, nos emocionamos, rimos bastante e nos sentíamos prontos para realizar o “milagre” na vida de nossas crianças. Nos intervalos e a noite eu ouvia as histórias das mães que faziam um protocolo biológico chamado Protocolo DAN! (Defeat Autism Now!) No Brasil não existia nada disso ainda. Foram muitas experiências enriquecedoras nos dias que se passaram ali no instituto.



Voltei para casa, continuei o programa. O Lorenzo continuava a ter progressos, mas era certo que tínhamos um longo caminho pela frente.

Ele ainda usava fraldas, cantava no lugar de falar algo, sempre distante dos contextos reais, raramente falava palavras. Adorava o Queen e sabia cantar várias músicas deles.

Lorenzo dependia da gente para tudo, não sabíamos quando ele estava com fome, com sede ou cansado, ele não sabia nos dizer nada. Era agitado, corria o tempo todo de um lado para outro. Ficava desesperado com sons mais estridentes, era ultra-sensível. Babava muito ainda. Escalava tudo sempre que podia, eram grades, janelas, armários. Não obedecia a nenhum comando. Ele sempre tinha melhoras com as terapias naturais, mas faltava alguma coisa para equilibrá-lo mais, e era exatamente o tratamento biológico que só começaríamos quase dois anos depois.




Mariana já havia terminado a formação dela. Tornou-se facilitadora oficial do Son-Rise no Brasil. Ela veio a Brasília então orientar o programa da Luísa, filha da Lu e pude conhecê-la pessoalmente. Ela voltaria a nossa cidade mais adiante para orientar o programa do Lorenzo.

O Davi, um menino com autismo, começou a estudar na escola do Lorenzo. Ele era filho da Flavinha. Eu e a Flavinha trocávamos muitas idéias e um dia ouvimos falar de uma aula de musicalização para crianças na Universidade de Brasília que poderia dar certo para nossos filhos. Fomos lá e conhecemos uma das pessoas que atuava nesse trabalho. Ela se chamava Clarisse Prestes.

Começamos a levar os meninos para as aulinhas e eles ficavam na salinha com várias crianças da mesma idade. Clarisse então, vendo a dificuldade dos dois meninos propôs que no lugar da musicalização poderia se tentar a musicoterapia em outro espaço. 

Ela também era musicoterapeuta e trabalharia com cada menino separadamente. Assim o Lorenzo começou a musicoterapia. O André, cineasta, marido de Clarisse, quando conheceu os meninos ficou impressionado: “O que acontece com esses garotos?” E assim ele se juntou a Clarisse nos trabalhos com as crianças com autismo. A música era toda a motivação do Lorenzo e a musicoterapia tinha tudo a ver com ele.

Lorenzo não tolerava mais ficar na escola. Sua sensibilidade sensorial o deixava muito perturbado. Ele ficava desesperado com os gritos, as algazarras e os choros das crianças. Ele não poderia aprender nada ali sofrendo daquele jeito.

Tiramos nosso filho da escola. Ele só voltaria a frequentar uma quando estivesse sensorialmente apto para isso. Por enquanto ele iria ser trabalhado em casa, no quarto de brincar, era um ambiente onde ele se sentiria seguro e livre dos estímulos sonoros e visuais que ele ainda não conseguia filtrar.

Mariana veio então fazer a visita domiciliar do programa do Lorenzo. Ela foi formidável, deu todas as direções para o programa dele. Foi muito mais fácil o trabalho depois. Ele começou a falar mais palavras, as evoluções apareceram com mais força. 



QUATRO ANOS DE IDADE

A gente nem ligava mais para as festas de aniversário até porque o próprio Lorenzo não estava nem aí para elas. Ele precisava de sossego e de ambientes calmos. Comemoramos só a gente, em casa, com um bolinho.

Ganhamos o Juca, um cãozinho Golden Retriever. Uma fofura enlouquecedora. Levadíssimo, comia todos os sapatos e brinquedos do Lorenzo. Mas tornou-se um grande amigo e parte dessa jornada, e sim, tomou juízo. Lorenzo não era apegado a ele, mas havia uma interação especial entre os dois.




Nessa época, talvez um pouco antes da Mariana começar a trabalhar no país, tínhamos notícias de que apenas quatro crianças faziam o Programa Son-Rise no Brasil. O Lorenzo, a Luísa, uma menina em São Paulo e outra em Blumenau. Ouvíamos falar de outro menino que a mãe, uma diplomata, havia feito o curso mas não fazia o programa.

Praticamente ninguém conhecia o método no Brasil.

Falar em recuperação do autismo para as pessoas ligadas ao assunto no país era quase uma blasfêmia. Falar em Son-Rise era como falar em Papai Noel e Coelhinho da Páscoa. Eu não entendia aquilo, por que as pessoas não queriam acreditar em uma perspectiva diferente para o autismo? Por que não haviam tentado ainda algo mais nobre, mais amoroso como o Son-Rise? Em grande parte dos casos era porque  muitos ainda não tinham acesso às informações diferentes. Em outros casos era porque as pessoas preferiam mesmo ter essa visão sacramentada do incurável. Eu queria muito mudar essa história.

Lorenzo continuava seu trabalhinho só comigo. A Lu fazia o programa completo, tinha uma boa equipe. Nós duas sempre pensávamos em como poderíamos dar um jeito de trazer o Son-Rise para o Brasil. Como a Lu já estava na área há mais tempo e conhecia muita gente, as pessoas davam muita credibilidade ao que ela falava. E a gente começou a cutucar a Mariana, e ela que já pensava nisso, começou a fazer contatos com os amigos do instituto para criar um workshop do programa. “Vai lá Mariana, manda ver que a gente te ajuda!”

Lorenzo continuava precisando de fraldas e já estava difícil encontrar um tamanho que servia nele. Era como se ele estivesse desligado da necessidade de usar um vaso sanitário. A gente tentava trabalhar com ele as idas ao banheiro, porém, não dava certo. 

Ele já sabia manusear todos os botões da TV, do DVD e do som. Suas habilidades como percursionista só aumentavam assim como seu envolvimento com a música. A essas alturas ele já tinha um repertório imenso de canções para cantar. Ele memorizava as músicas rapidamente e passava o dia inteiro,quando fora do trabalho no playroom, cantando e tocando os instrumentos musicais do jeito dele.

Começamos ajudar a Mariana a colocar em prática os planos para o Workshop. A Lu era a que mais trabalhava na logística do evento. Ela ia atrás de patrocinadores, parceiros, equipes de som e tradução simultânea, público, etc. A moça era pra lá de ativa. Eu já era mais passiva e ajudava mais com textos e tradução do material. A Flavinha também ajudava a gente, era uma espécie de pau-pra-toda-obra. 

Sim, já estava certo, os primeiros workshops do Programa Son-Rise iriam acontecer e seriam ministrados no Brasil por dois professores do instituto: Sean Fitzgerald e Kat Houghton. E seria coordenado pela primeira profissional brasileira do programa, a Mariana Tolezani.

Contar essa história do Programa Son-Rise em nossas vidas significa muito para mim. Porque representa o marco de uma nova vertente do autismo no Brasil. Foi a oportunidade de outras crianças se beneficiarem com técnicas mais responsivas, amorosas e respeitosas em seus tratamentos e dar aos pais, às famílias e aos profissionais toda uma nova perspectiva de abordagem.

O workshop aconteceria duas vezes no ano seguinte. A primeira vez seria em São Paulo, Brasília e Rio, no início do ano, e a segunda vez  aconteceria no final do ano.

Nascia a Inspirados Pelo Autismo, administrada por Mariana e seu marido Alastair.

Iniciamos a divulgação e as inscrições. Era bem divertido porque a gente estava com a energia toda para divulgar o método. Mas convencer as pessoas de participarem de algo ainda desconhecido era um grande desafio. Mas pouco a pouco as inscrições iriam acontecendo.

Deu certo, chegou o grande dia do primeiro workshop. Um sonho se tornava realidade. E as pessoas não precisariam fazer mais toda jornada até o Option Institute em Massachusetts para aprender a colocar em prática o Programa Son-Rise (só se quisessem, né!). Sean e Kat fizeram uma apresentação incrível do programa. Aplausos. Conhecemos mais mães amigas, entre elas a Cris mãe do Enzo, a Marilza mãe da Clara, a Raquel mãe do Dudu e seus respectivos.








Iniciamos o ano de 2008 com o pé direito. No decorrer desse ano Lorenzo iria se desenvolver muito. E ainda aconteceria o workshop no final do ano onde eu conheceria pessoalmente mais mães amigas como a Elaine Marabita e a Andréia Amicucci.

Aguardem a Parte III da trilogia para a continuação dessa história que se concluirá com Lorenzo em seus dias atuais.









quarta-feira, 14 de março de 2012

Parte I: A saga cronológica de Lorenzo musical com autismo – A trilogia.

Parte I: O desabrochar do lótus melódico em um pântano autístico.



Mês de junho, em dias secos e enfeitados com o belo de céu azul de Brasília...só que foi em uma noite quando a lua estava bem no meio do céu, finalmente Lorenzo lançou sua voz no mundo, com um choro bonito de menino forte que acabava de nascer.



Sempre tivemos muito zelo com a saúde dele e nunca concordamos com nenhuma técnica para ajudá-lo o que não fosse baseada na Medicina Natural, Vibracional e Energética (somos também terapeutas nessa área). Nós respeitamos profundamente o holismo dele. Como somos vegetarianos, ele é vegetariano de nascença e apesar de já termos ouvido as mais diversas controvérsias, hoje temos certeza de que ser vegetariano é um grande benefício na vida dele.

Até o presente ano de 2012, meu filho nunca precisou fazer uso de remédios alopáticos, sempre foi tratado da forma mais natural possível.

Mas ele iniciou um calendário de vacinação.


E quase perdeu a vida aos quatro meses de idade após uma dose da vacina DPT.

Até então, desconhecíamos o real perigo que uma vacina poderia causar a ele. Mas depois de vê-lo com febre de 41 graus, espasmos, calafrios, com sinais evidentes de encefalite, respiração debilitada e desacordado por 48 horas...e o doutor dizendo: “isso é normal mãezinha, dê o remedinho para baixar a febrinha”, e não tivemos socorro, que inacreditável. Percebemos que estava tudo errado em todos os aspectos. Nas semanas seguintes após ter saído desse quadro de risco ele teve sintomas de coqueluche por vários dias. A vacina para prevenir a coqueluche deixou meu filho em uma situação pior do que se ele estivesse pego a coqueluche naturalmente. Depois fui pesquisar sobre isso e descobri que nos EUA várias crianças haviam morrido após apresentar os mesmos sintomas com essa mesma vacina.

Mas o prana forte do corpinho do meu lindo bebê o tirou daquela situação. Conseguimos ajudá-lo com nosso conhecimento na área da medicina natural. O susto passou, mas desse dia em diante, ficamos bem mais atentos, cuidadosos e bem desconfiados do protocolo médico padrão infantil.

O desenvolvimento do Lorenzo seguiu normalmente, ele era um neném normal, inteligente e feliz. Muito esperto e atento, sua alegria era tão grande que não era incomum a gente ouvir uma sinfonia de gargalhadas quando brincávamos com ele.

ONZE MESES DE IDADE


Aos 11 meses o bebê era lindo! Ele já conseguia dar seus primeiros passinhos. Já batia palminhas quando cantávamos parabéns. Identificava vários bichinhos quando perguntávamos para ele quais eram. Apontava para mostrar as coisas.

Nessa época ele cessou a fase suplementar do aleitamento materno, ou seja, desmamei o menino, e assim ele passou para o uso total da alimentação vegetariana (que incluia ovos e laticínios).

Tinha o sono agitado e raramente alguma crise de terror noturno. Nessa época a alimentação dele era toda orgânica. Seu desenvolvimento era normal e ele já falava algumas palavrinhas. Resolvíamos suas mazelinhas infantis (as gripes, febres, cólicas, comuns a qualquer criança) com chás, ervas chinesas, acupuntura e homeopatia. 

UM ANO DE IDADE


No dia de seu aniversário, em sua festinha, ele ficou bastante incomodado. Chorou do começo ao fim, não foi nada prazeroso para ele estar ali.

Mas a fulaninha e ciclaninho também se comportaram assim no primeiro aniversário. É normal. Diziam-nos isso.

Assim quatro meses se passaram. E alguma coisa estava diferente.

Ele havia parado totalmente a linha evolutiva da aquisição da fala. No lugar, ele passou a cantarolar, um canto afinado, harmônico e precoce para alguém daquela idade, não usava palavras para cantar, apenas “hummmhummmmhummmmm” e “lalalalalalalala”. Mas era algo melodicamente perfeito. Quando ele ouvia música ele balançava os bracinhos como se fosse um mini-maestro regendo um concerto.

Achávamos tão lindo que a falta de comunicação dele conosco passava despercebida. Afinal ele tinha um excelente contato visual, nos puxava pela mão quando queria algo, era muito carinhoso com a gente. Nada demais, parecia somente uma criança sensível e com uma inteligência acima da média. Achávamos que fazia parte de ser o filho de pessoas mais espiritualizadas! Imaginávamos que o menino era uma virtuose e ficávamos super exibidos.

Mas outras coisas foram surgindo. O olhar dele estava um pouco mais vago, não era mais exatamente aquele olhar esperto e atento. Ele acordava várias vezes à noite, ora cantarolando, ora incomodado. As crises de terror noturno aumentaram. E quando o levávamos para locais mais cheios, como festas de aniversário, ele gritava sem parar, entrava em surto total, chorava escandalosamente e nada o acalmava a não ser o trajeto de volta para casa.

Paramos de levá-lo para esses locais com muita gente. O Reiki o livrou totalmente e para sempre do terror noturno. A terapia com florais o acalmou um pouco mais. Descobrimos que os mantras hinduístas e budistas o faziam dormir bem.

Ele NÃO tomou a vacina de sarampo.


DOIS ANOS DE IDADE


Outro aniversário.

Foi em nossa casa, com poucas pessoas. Não teve choro, mas na hora de cantar “parabéns pra você” ele chorou desesperadamente. Mas passou. Porém já não havia mais como não perceber que algo estranho acontecia com ele. As pessoas chegavam e ele nem ligava. Falavam com ele e ele ignorava. Entregavam-lhe os presentes e ele nem queria saber deles. As outras crianças, mesmo as mais novas que ele é que brincavam com seus presentes.

Foi bem marcante ver um menininho de um ano pedalando o triciclo do Lorenzo, dirigindo, falando, mostrando para as pessoas. Lorenzo nem sabia como funcionava um triciclo, era totalmente indiferente com as crianças, com os brinquedos e com tudo. Não falava, não se comunicava, fazia uns movimentos estranhos e continuava cantando muito.

Estava claro demais, ele não estava totalmente sintonizado com nosso mundo. Mas sua mãe curiosa e pesquisadora resolveu saber de verdade o que acontecia com ele.

O que poderia causar problemas de fala e de comunicação? Apraxia? Deficiência auditiva? Não parecia.

... Autismo.

Ei, espera aí, era parecido. Nem todos os sintomas dele eram parecidos com autismo, mas estava bem parecido! E o que eu entendia de autismo? Muito pouco, mas lembrava de um filme que havia assistido na infância que se chamava “Meu Filho, Meu Mundo”, que era a história de um menino autista cujos pais deram um jeito na situação, trabalho lindo por sinal, e o menino ficou bom. A primeira impressão é a que fica, e ficou assim na minha cabeça: autismo é fácil de resolver igual naquele filme.

Corri atrás. Procurei ajuda de profissionais, Lorenzo foi longamente avaliado, preenchi centenas de questionários, tudo tão inconclusivo! A essas alturas eu já havia ouvido falar sobre tudo do autismo, que inclusive era algo terrível oh-coitada-de-você-mãe  e que não tinha cura de jeito nenhum. Mas e o filme? Querida, esse filme é lenda, diziam.

A psicanálise dizia: Ele não tem autismo. E veio uma acusação suave, disfarçada do tipo, ah pais, se ele está assim é porque vocês têm certa culpa no cartório. Ok, mas com culpa ou não, eu tinha certeza que o menino tinha autismo. “Não”, disse a psicóloga, “Ele só convive com adultos e quase não vê crianças, esse é um dos problemas”.

Assim resolvemos colocá-lo na escola. Ele tinha 2 anos e 2 meses. A escola era livre, lembrava um pouco uma escola Waldorf, tinha uma filosofia que combinava muito com a nossa forma de pensar.

Enquanto isso, o filme do menino que havia ficado bom continuava martelando na minha cabeça. E pesquisei. E não é que eu encontrei o povo! Eram eles, lá estava o menino, Raun Kaufman, que já era um homem, e seus pais. Eles não eram lenda e tinham um instituto para ajudar pessoas com autismo, era o Autism Treatment Center of America, e o programa que eles usavam se chamava Son-Rise Program.

Nesse meio tempo, a escola serviu para confirmar que o Lorenzo tinha um real problema de comunicação e interação social. Mas como o pessoal era legal, decidimos manter o Lorenzo por lá.

Procurei então uma psicóloga comportamental, experiente no assunto. Não queria para meu filho a abordagem comportamental, mas eu precisava do diagnóstico para fins burocráticos, já que eu mesma sabia: O que o Lorenzo estava apresentando tinha um nome classificatório, e esse nome era autismo. Ele foi avaliado por ela durante vários dias.

 E a conclusão finalmente chegou: “Sim, ele está dentro do espectro autista, mas ele é esperto, e com sorte vai conseguir aprender muitas coisas, e quem sabe pode ser quase normal”. E eu agradeci, sorri porque finalmente alguém podia ver o que eu via. “Ué, você não vai chorar?” Perguntou a psicóloga. “Não, por que?” Indaguei. “Oras, em meus 30 e sei lá quantos anos de profissão, só vi duas mães não chorarem com a notícia, você e outra.” E foi aí que surgiu minha fama de mãe-zen. Nem quis ouvir o que ela achava da outra mãe que não chorou.

Então lá estava eu, com a história toda confirmada. Precisava seguir adiante, tinha que escolher uma abordagem terapêutica pra o Lorenzo. No fundo, já estava tudo escolhido desde o começo, eu iria atrás do Programa Son-Rise, nada de pessimismo, nada de derrota, nada de sofrimento. Meu filho era uma pessoa sensacional e merecia métodos de tratamento diferenciados, amorosos e inteligentes, que o aceitasse em suas limitações, sem julgamentos, mas que ao mesmo tempo pudesse enxergar a personalidade incrível que ele possuía.

Usando o poder da internet entrei na página do Son-Rise. Tinha um fórum para os pais se comunicarem. Eu escrevi uma mensagem falando sobre o Lorenzo, e logo depois recebi uma resposta de uma professora do método que se chamava Kat. Ela falou que eu deveria ir para o instituto deles, fazer um curso para pais. Como assim Kat? Com que dinheiro? Ela dizia para eu colocar os planos em prática que eles me ajudariam.
Comecei a aplicar algumas técnicas do programa que eles disponibilizavam na internet. E era bacana porque funcionava! Que programa legal.

Foi quando conheci minha amiga Luzanira aqui em Brasília, ela já havia ido aos Estados Unidos fazer o curso do programa. A Lu, mãe da doce Luísa, me ajudou com tudo o que eu precisava para colocar o programa em prática. Logo depois conheci no fórum da webpage do Son-Rise a Simone da Luz Taylor, que já fazia o programa há algum tempo. Simone vive na Inglaterra, é mãe do lindo Thiago, e se tornou minha grande amiga. Foi a Simone que me falou pela primeira vez sobre a outra vertente do tratamento do autismo, que era o tratamento biológico. Foi então que conheci toda a história das questões intestinais, das dietas e das suplementações.

Mas eu ainda estava bem focada na questão do Programa Son-Rise e não comecei a parte biológica naquele momento. Um dia Simone me disse que uma moça brasileira, chamada Mariana, que fazia o treinamento nos EUA para ser uma facilitadora do Son-Rise, gostaria de me conhecer. Iniciei meu contato com a Mariana, gostei dela logo de cara. Quantas pessoas legais eu havia conhecido naquele momento. As oportunidades surgiam para o Lorenzo de forma muito abençoada.

E assim, com ajuda da Lu, da Simone e da Mariana meu programa para o Lorenzo começou a ganhar força. Ele já estava mais interativo comigo e começava a mostrar maior interesse pelo o que acontecia a sua volta. Que encanto! Ele começou a pronunciar palavras cantadas. A pronúncia ainda não era boa, mas eu já entendia o que ele cantava.

Porém eu queria dar um passo mais ousado. Queria ir para os Estados Unidos da América fazer o curso para pais chamado Son Rise Start Up Program.

Eu estava feliz. Endividada até as entranhas. Mas feliz por sentir lá no fundo que o Lorenzo iria ficar bem.

Aguardem a Parte II da trilogia. Será a próxima postagem do blog.









sexta-feira, 9 de março de 2012

O menino Lorenzo que ora e canta com Deus




São muitas orações. E lindas canções para cantar para o Todo Poderoso. Lorenzo adora se conectar com Deus. Nasceu assim, agarrado na fonte da vida, com uma religiosidade espetacular, natural, sem ninguém doutriná-lo.

Ele recita mantras, canta músicas religiosas, interage de montão com quem se junta à ele nesses momentos.

As orações são as mais variadas, passa pelos rituais budistas, pela Grande Invocação, pelas Bem-Aventuranças, pelas Sutras Sagradas da Seicho-No-Ie, pela Oração de São Francisco, pelo Pai Nosso, por Krishna, por Jesus na crença evangélica, pelo Cristo Cósmico, pelos santos católicos, entre tantas outras que se referem ao mundo celestial.

Um dia ele se sentou na beira de uma piscina, sozinho. De repente começou a falar olhando para o céu. Quando me aproximei dele ele fazia a Prece de Cáritas, completa, com o coraçãozinho cheio de fé. Rezava sabendo que estava se referindo a Deus.

É como se ele captasse uma essência em comum em todas as crenças. Ele capta o grande amor de um único Deus. Lorenzo é um verdadeiro mensageiro da Paz, do Amor e da União.

Esse vínculo com o divino o ajuda muito a superar as dificuldades vinculadas ao autismo. Conectar essas crianças à divindade é algo que pode trazer os melhores benefícios para a vida delas.

Um dia achamos que ele merecia uma oração só para ele. E assim surgiu a Oração do Lorenzo, que vou compartilhar aqui. Ela é baseada nas questões do autismo, portanto todos que quiserem aproveitá-la, fiquem a vontade:


ORAÇÃO DO LORENZO

Mestre Jesus, tu és curador divino. Meu amigo que me guia e me protege de todo mal. Tua energia de cura me envolve todos os dias, e a cada dia eu manifesto mais e mais o Cristo em mim.

Agradeço a Deus pela minha existência e por todo amor que me envolve.

Deus é a vida por isso posso vivê-la plenamente e com saúde.  Deus Todo Poderoso, que a cura se manifeste em mim em todos os níveis. Eu me liberto de todas as limitações que me impedem de revelar meu verdadeiro Eu Divino para o mundo. 

Sou Filho de Deus Perfeito e escolho me tornar cada vez mais saudável e livre dos obstáculos que me isolam da vida social.

Sou cada dia mais integrado com as pessoas para que eu possa também ajudar o mundo a ser melhor.

A Luz Divina acompanha meus antepassados, minha família e todos aqueles que participam da minha vida.

Que a energia do amor universal irradie em toda humanidade.

Paz Profunda a todos os seres.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O Autismo e o propósito de seu mistério




A maior definição sobre autismo hoje continua sendo: mistério. E não me refiro somente ao desconhecido com relação à origem, a causa e a sua prevalência. São misteriosos também os dons, a inteligência, a forma de pensar e a maneira como esses indivíduos fabulosos vivenciam o mundo a sua volta.

Já existe uma quantidade interessante de estudos sobre tema. Imagino que seja a “desordem” mais pesquisada no mundo recentemente. Muitos estudos, poucas respostas, mas nem tudo em vão já que informações importantes têm surgido das pesquisas.

O autismo hoje se traduz em um corpo que está adoecido devido às intoxicações externas de fontes diversas e pelas toxinas oriundas de uma absorção intestinal altamente comprometida por causa de um intestino inflamado e poroso. Essa seria a origem de toda a dinâmica comportamental desorganizada do processo. Desvendar o enigma do porque isso acontece que tem sido o grande desafio dos estudiosos. Há várias teorias que se aplicam a alguns casos, mas para outros continua sendo tudo muito vago.

E essa história do intestino prejudicado traz como conseqüência a falta de absorção de nutrientes que por fim quase mata o pobre cérebro de fome. Eu já nem lembro mais dos detalhes pomposos de toda essa cadeia de acontecimentos desse evento. E como se não bastasse, a produção enzimática de todo trato digestivo encontra-se comprometida. Então, ficamos conhecendo um pouco mais da participação especial de alguns elementos no corpo de nossos filhos. Ficamos por dentro da intimidade da dupla brega Streptococcus e Staphylococus e o lançamento de seu novo sucesso “Biofilme Malvado”. Ouvimos falar muito da Candida albicans barraqueira, do amor bandido entre o glúten bombado e a caseína periguete que entram pelos poros intestinais sem serem convidados, dos neurotransmissores perdidos no espaço, dos fenóis enlouquecidos, dos oxalatos trombadinhas, tantos personagens vilões compondo essa saga biológica.

Eu questiono muito se é realmente na pesquisa científica padronizada no modelo convencional que vamos encontrar alguma explicação que faça sentido para toda essa ação desconexa. Porque por enquanto a lógica do processo está diluída em algo que ainda não conhecemos.

Muitas vezes penso que a resposta se encontra em qualquer coisa relacionada à evolução natural da raça humana. É como se nos últimos 10 anos estivesse sendo feito um recall do antigo projeto do ser humano e lançado um novo com tecnologia biológica sofisticadíssima que não funciona mais com o combustível alimentar do modelo antigo e não se adapta a ambientes contaminados. E adaptar esse ser humano mais aprimorado significa ter que quebrar muitos padrões da nossa vida, mas se pararmos para pensar teríamos que mudar nossa vida para melhor. Sim, pois a lógica de tratarmos dessas crianças é no fundo tratarmos de nós mesmos. Porque conhecemos tudo aquilo que comemos, que sentimos e que respiramos que nos faz muito mal, mas continuamos fazendo assim mesmo. Cuidar de nossos filhos com autismo no fundo é eliminar da vida deles tudo aquilo que sempre foi nocivo para nossa própria vida. Teriam eles essa missão no planeta?

Quando eu olho para o Lorenzo em sua individualidade dificilmente eu o vejo rotulado e padronizado por um intestino inflamado, por um crescimento fúngico, por um conjunto de estereotipias, por um corpo invadido por metais pesados e carente de vitaminas e minerais. Eu vejo um menino lindo, com uma inteligência privilegiada. Esse é o segundo mistério que compõe esse universo que denominamos “autista”. De onde vem essa capacidade fabulosa de conhecer a música tão profundamente? Como foi tão fácil para ele aprender a ler sozinho com 2 anos de idade? Essas crianças apresentam tantos talentos formidáveis, mas por incrível que pareça essas habilidades são descritas nos termos científicos como parte das anomalias do autismo. Por que não apreciar os dons mais do que enxergar as “deficiências”? Não é negligenciar o que precisa ser ajudado, mas é conseguir visualizar a beleza e a perfeição acima de tudo.

Daí se faz idéia de como o mundo ainda não está preparado para receber um ser tão aprimorado e perceber a utilidade dos talentos que ele possui. Então precisamos ajudá-los a interagir melhor para que as pessoas típicas consigam fazer a leitura ideal do que eles têm para compartilhar. Você não tem que fazer algo urgente para sedar seu filho que bate a cabeça no chão, para seu filho que se auto-agride, para seu filho que grita de forma ensurdecedora. Proteja-o. E depois tente entender porque ele faz tudo isso, existem técnicas para auxiliar nesse processo. Depois trate disso de uma forma humana, amorosa e respeitosa. São muitos processos, muitas etapas, mas uma chance única de crescimento e transformação interior para nós mesmos.

É curar a nós mesmos.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Homeopatia – A melhor medicina na vida do Lorenzo!


Minha opinião? Homeopatia deveria ser o único remédio dado para as pessoas com autismo. Parece um pensamento meio radical, mas quem vivencia, estuda, admira e principalmente quem teve experiência própria com os benefícios dessa ciência sabe exatamente o que eu quero dizer.

É claro que não digo isso com intenção de desmerecer o papel dos quelantes, dos suplementos e de todo protocolo dessa natureza que foi tão estudado e que tem ajudado tantos casos de autismo. Falo apenas como admiradora oficial e eterna estudante dessa ciência tão magnífica que Samuel Hahnemann disseminou na face da Terra. E embora as terapias de suplementação, dietas e desintoxicações ajudem fisicamente a criança com autismo, somente a homeopatia consegue modificar a suscetibilidade às doenças físicas.

Não existe no planeta outro remédio que atue no ser humano em sua essência mais sutil. Um medicamento homeopático competentemente repertorizado é capaz de tratar e curar desarmonias seja em que nível ela estiver: mental, emocional ou físico. Tudo isso atuando através da energia vital.

A homeopatia é a mais misteriosa arte de cura. Como que algo totalmente imaterial que anteriormente era matéria (vegetal, mineral ou animal), ou seja, energia pura, pode agir de forma tão esplendorosa na recuperação de um ser vivo?

A grande maioria das pessoas ainda não entende a razão dos remédios homeopáticos funcionarem. A primeira lei da homeopatia, similia similibus curentur (semelhante cura semelhante), as diluições, as dinamizações e as potências homeopáticas ainda dão uma série de nós nas cabeças dos cientistas. Por fim eles não encontram respostas palpáveis e se dão por satisfeitos em simplesmente dizer: Homeopatia não funciona.

Ah não gente?...Imagina se funcionasse.

E também existem inúmeros estudos comparando homeopatias com placebos que concluem que a eficácia dela é indiscutível. Mas para compreender a homeopatia é preciso ter um pensamento quântico, pois a única forma de entender a atuação da homeopatia dentro de um contexto mais físico é através da mecânica quântica.

Mas vamos focar no assunto de como a homeopatia pode ajudar os casos de autismo.

A situação ideal dentro da homeopatia é encontrar o simillimum de um indivíduo, que é o remédio homeopático que possui o maior número possível de características semelhantes ao quadro clínico apresentado por ele, ou seja o remédio que irá curá-lo. Devido à ampla complexidade dos sintomas apresentados por uma pessoa com autismo, encontrar seu simillimum não é assim tão fácil, requer o vasto conhecimento e a intuição de um homeopata dos bons.

A homeopatia pode curar todas as características limitantes do espectro autista, embora possa ser um projeto a longo prazo e levar meses ou mesmo anos até que se possa atingir a todas as camadas do corpo onde os problemas se situam. Ela vai atuar na totalidade da pessoa passo a passo, agindo nas questões emocionais, nos comportamentos, nos sintomas físicos, nos traumas adquiridos (inclusive os intra-uterinos), e na predisposição genética (miasmas ou constituições).

Várias pessoas com autismo já foram beneficiadas com a homeopatia. Cada vez mais histórias de sucesso total estão aparecendo. E mesmo quando não há recuperação completa, melhoras acentuadas costumam surgir com o tratamento. De forma "não supressiva", ela restabelece o sistema imunológico, reduz as compulsões, obsessões e melhora a parte motora. E tudo isso sem efeitos colaterais e a um custo muito baixo.

Quando a homeopatia é simplesmente usada como complemento de um tratamento biológico, embora ela possa atuar positivamente, o resultado não será tão notável ou efetivo. Por esse motivo, já há algum tempo, eu escolhi usá-la unicamente para cuidar do Lorenzo, eventualmente associada a outras técnicas da medicina energética que não interferem em sua atuação. Ele usa um só remédio para tudo, ou seja, seu simillimum. Tudo se resolve com ele: febre, dores, tosse, ansiedade, medo...é tudo mesmo. E o melhor é que funciona rapidinho nesses casos.

Graças a essa arte médica que Hahnemann nos deixou, Lorenzo se livrou de várias limitações. Suas melhoras são lentas, mas progressivas, e o melhor de tudo é que ele é uma criança a cada dia mais feliz, principalmente porque agora ele já pode diminuir as restrições alimentares sem nenhum tipo de efeito ruim em seu corpo. A homeopatia não só diminuiu os limites da vida do Lorenzo, mas também nos uniu mais nos cotidianos.

Ousem a conhecer!