segunda-feira, 5 de março de 2012

O Autismo e o propósito de seu mistério




A maior definição sobre autismo hoje continua sendo: mistério. E não me refiro somente ao desconhecido com relação à origem, a causa e a sua prevalência. São misteriosos também os dons, a inteligência, a forma de pensar e a maneira como esses indivíduos fabulosos vivenciam o mundo a sua volta.

Já existe uma quantidade interessante de estudos sobre tema. Imagino que seja a “desordem” mais pesquisada no mundo recentemente. Muitos estudos, poucas respostas, mas nem tudo em vão já que informações importantes têm surgido das pesquisas.

O autismo hoje se traduz em um corpo que está adoecido devido às intoxicações externas de fontes diversas e pelas toxinas oriundas de uma absorção intestinal altamente comprometida por causa de um intestino inflamado e poroso. Essa seria a origem de toda a dinâmica comportamental desorganizada do processo. Desvendar o enigma do porque isso acontece que tem sido o grande desafio dos estudiosos. Há várias teorias que se aplicam a alguns casos, mas para outros continua sendo tudo muito vago.

E essa história do intestino prejudicado traz como conseqüência a falta de absorção de nutrientes que por fim quase mata o pobre cérebro de fome. Eu já nem lembro mais dos detalhes pomposos de toda essa cadeia de acontecimentos desse evento. E como se não bastasse, a produção enzimática de todo trato digestivo encontra-se comprometida. Então, ficamos conhecendo um pouco mais da participação especial de alguns elementos no corpo de nossos filhos. Ficamos por dentro da intimidade da dupla brega Streptococcus e Staphylococus e o lançamento de seu novo sucesso “Biofilme Malvado”. Ouvimos falar muito da Candida albicans barraqueira, do amor bandido entre o glúten bombado e a caseína periguete que entram pelos poros intestinais sem serem convidados, dos neurotransmissores perdidos no espaço, dos fenóis enlouquecidos, dos oxalatos trombadinhas, tantos personagens vilões compondo essa saga biológica.

Eu questiono muito se é realmente na pesquisa científica padronizada no modelo convencional que vamos encontrar alguma explicação que faça sentido para toda essa ação desconexa. Porque por enquanto a lógica do processo está diluída em algo que ainda não conhecemos.

Muitas vezes penso que a resposta se encontra em qualquer coisa relacionada à evolução natural da raça humana. É como se nos últimos 10 anos estivesse sendo feito um recall do antigo projeto do ser humano e lançado um novo com tecnologia biológica sofisticadíssima que não funciona mais com o combustível alimentar do modelo antigo e não se adapta a ambientes contaminados. E adaptar esse ser humano mais aprimorado significa ter que quebrar muitos padrões da nossa vida, mas se pararmos para pensar teríamos que mudar nossa vida para melhor. Sim, pois a lógica de tratarmos dessas crianças é no fundo tratarmos de nós mesmos. Porque conhecemos tudo aquilo que comemos, que sentimos e que respiramos que nos faz muito mal, mas continuamos fazendo assim mesmo. Cuidar de nossos filhos com autismo no fundo é eliminar da vida deles tudo aquilo que sempre foi nocivo para nossa própria vida. Teriam eles essa missão no planeta?

Quando eu olho para o Lorenzo em sua individualidade dificilmente eu o vejo rotulado e padronizado por um intestino inflamado, por um crescimento fúngico, por um conjunto de estereotipias, por um corpo invadido por metais pesados e carente de vitaminas e minerais. Eu vejo um menino lindo, com uma inteligência privilegiada. Esse é o segundo mistério que compõe esse universo que denominamos “autista”. De onde vem essa capacidade fabulosa de conhecer a música tão profundamente? Como foi tão fácil para ele aprender a ler sozinho com 2 anos de idade? Essas crianças apresentam tantos talentos formidáveis, mas por incrível que pareça essas habilidades são descritas nos termos científicos como parte das anomalias do autismo. Por que não apreciar os dons mais do que enxergar as “deficiências”? Não é negligenciar o que precisa ser ajudado, mas é conseguir visualizar a beleza e a perfeição acima de tudo.

Daí se faz idéia de como o mundo ainda não está preparado para receber um ser tão aprimorado e perceber a utilidade dos talentos que ele possui. Então precisamos ajudá-los a interagir melhor para que as pessoas típicas consigam fazer a leitura ideal do que eles têm para compartilhar. Você não tem que fazer algo urgente para sedar seu filho que bate a cabeça no chão, para seu filho que se auto-agride, para seu filho que grita de forma ensurdecedora. Proteja-o. E depois tente entender porque ele faz tudo isso, existem técnicas para auxiliar nesse processo. Depois trate disso de uma forma humana, amorosa e respeitosa. São muitos processos, muitas etapas, mas uma chance única de crescimento e transformação interior para nós mesmos.

É curar a nós mesmos.

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